domingo, 27 de maio de 2007

Educação

É interessante ter como objeto de análise a educação, se observarmos o seu comportamento baseado nos modelos socialistas e capitalistas. É importante deixar claro a divergência, ou seja, o contraste que há entre essas duas linhas de pensamentos sociais. Dentro do capitalismo encontramos uma situação paradoxal, de um lado você tem presente uma linha ideológica escolar consistentemente ativa no life social, e de outro, uma redução da importância da educação para um contingente relevante de grupos, estamentos, característicos da sociedade capitalista.
Há algumas décadas passadas, em que a escola foi foco de ataques deliberados por grupos anarquistas intelectuais. Tais ataques não galgaram, contudo, o incentivo respaudoroso de setores sociais, por exemplo: a burguesia, os trabalhadores manuais etc. Em detrimento à situação, a ideologia escolar continuou presente, ativa, na vida social: houve a simplificação de uns tempos para cá, temas como processos seletivos para ingresso em universidades, supletivos e programas de ensino básico para adultos, até certo ponto, ganharam espaço.

Faz-se válido atentar para a situação, onde na seara das políticas neoliberais se discute a educação da escola, ela sendo de suma importância para o nivelamento da sociedade no que tange o desenvolvimentismo, de forma intensa. O objetivo é explicar as derrotas, os declínios guardados de outros ensejos da política estatal.
A classe média incentiva seus filhos a estarem concluindo o ensino médio, a ingressarem nas faculdades. Ficar de fora das exigências do mundo capitalista e globalizado não é garantia para os pais desses jovens que com o passar dos tempos aos dias de hoje, estão cada vez mais preocupados com a possibilidade de sucesso ou infortúnio dos seus descendentes. Toda essa inquietação advém da necessidade de não sofrer ou ser atingido pela má distribuição de renda, pelo desemprego, por isso a qualificação acadêmica é tão enfatizada e prezada.
Este anseio da classe média no âmbito sócio-profissional leva a uma superqualificação do sistema educacional dos países capitalistas, sendo que isso não ocorre por intenção do empresariado, concomitante a isso está a degradação, depreciação do ensino superior.
Superar a história do sistema capitalista de escolarização, implica na quebra ideológica da “pequena-burguesia” do conhecimento, que lidera nas bases sociais capitalistas, a transmissão da sapiência cientista ao clientelismo escolar. De fato o elitismo é escancarado no sistema educacional capitalista, isso prejudica o contexto de produção da teoria e prática na sociedade.
A maneira socialista de educar não visa ser igual à capitalista, deve-se eliminar essa idéia de fazer da educação escolar mais um meio de rentabilidade e aumento de ganhos, lucratibilidade. Está garantida constitucionalmente para o indivíduo, a obrigatoriedade do ensino fundamental, essa prescrição é dotada de responsabilidade civil, onde atuam os pais, e a responsabilidade política, ligadada ao estado. Devem-se manter as vozes bem altas clamando e gritando pelos seus ideais de uma escola pública igualitária, onde o maior propósito seja o aprendizado, o crescimento do intelecto para que esse venha auxiliar futuramente na conquista de uma sociedade mais homogênea.
Um fator importante, possivelmente interfere para a não concretização desses e de muitos outros ideais socialistas: a resignação. Enquanto a população tiver em mente, que alguns dos serviços dos quais usufruem a classe média não são para eles e consequentemente para os seus filhos, a prática mercantilista educacional se postergará como modelo ideal e excludente.
Com esta situação, o fluxo de ingresso nas escolas públicas, sendo elas de qualidade inferior às particulares, findará na evasão, só que numa dimensão maior que a atual. Cabe á democracia social, fazer com que o ensino público de qualidade obrigatório deixe de ser desvirtuado e utópico, e seja aplicado às massas, esse deve ser o comportamento dos idealistas do socialismo, a fim de barrar essa procrastinação da plenitude educacional, qualidade e ensino andando juntos para garantir o inicio da reversão desse quadro de infortúnio do saber.
Importante ficar claro que o objetivo desta luta socialista por instituir a obrigatoriedade da escola gratuita e de qualidade é formar em longo prazo cidadãos com um teor pró-comunista, ou seja, um sistema organizado com condições intelectuais e culturais mínimas, decisiva para o pleno desenvolvimento de variadas potencialidades e o desvirtuamento do capitalismo afunilador.
A educação política do socialismo representa o meio para se chegar ao “novo homem”. Ela se norteia pela conscientização do indivíduo no que tange à participação política dele, o propiciando realização psicológica e intelectual. Estabelecer que a participação política é um dever socialista, este não sido realizado terá como conseqüência “a redução da comunidade socialista a uma mera forma sem conteúdo.
Se nós voltarmos nossos olhares somente para o Brasil, verificaremos que a divisão social, a desigualdade social impera e isso influencia de maneira decisiva para os altos índices de evasão escolar e analfabetismo. O governo comemora alguns índices com um garbo de hipocrisia que é digno de questionamentos, afirmam que 98% dos jovens estão matriculados em alguma instituição de ensino, seria de estender aplausos a esta gestão concluísse, pois, este percentual, o ensino. Muitos desses alunos se dirigem à instituição de ensino para garantirem, quiçá, sua única refeição diária. 16% desses concluem o ensino básico.
Não podemos citar somente o ingresso dos brasileiros nas escolas, convenientemente é obrigatória a concessão de qualidade e estrutura digna para se ter acesso aos conhecimentos, como já fora citado supra, não se pode permitir mais que um pai não lute para que seu filho tenha uma educação equiparada à de um alunos de escola particular.
Infelizmente é possível esbarrarmos com pessoas, sustentadoras e mantenedoras desse sistema excludente, onde só tem vez o que dispões de verba para garantir sua formação intelectual na rede privada da educação, ou ainda infeliz, quando encontra-se um indivíduo que comemora índices como os citados, sustentando sua comoção com o discurso alienado e repleto de resigno:
- num é de qualidade mas tem, pior seria sem!

6 comentários:

Larii Walter disse...

Apesar de ter sido um texto enorme, eu li todo com prazer. xD
E ficou perfeito, o modo como você trata desse tipo de assunto, o modo como você escreve, o jogo de palavras. Resumindo, eu amei muito o texto! E se trata da mais pura realidade brasileira! =x
Adoreii³³..
beijooos amoor =*

Mila Botto disse...

Concordo com Walter.
Quando você escreve sobre temas ligados a política, joga muito bem as palavras.
Parabéns pelo texto novamente!

Beijos

Anônimo disse...

tenho que bater palmas para esse texto. Realmente, ficou muito bom. Eu ia extrair um trecho pra comentar, mas eu acabei esquecendo que trecho. Depois vou ler de novo e eu lembro, ai eu comento de novo..

no mais, ficou muito bom. Em relaçao às pessoas ficarem comentando que o ensino melhorou, eu me junto a voce e faço os mesmos questionamentos. Enquanto eles se contentam e se baseiam nessas estatisticas horriveis, a cada dia que passa o numero de analfabetos funcionais crescem. E ai, melhorou mesmo?

Michell Almeida disse...

É, realmente, consternante.
Todavia, ainda temos um alento: Cristovam Buarque 2010!
Não percamos a fé!
-"Porque a esperança é a aurora que desponta em uma noite de tempestade", já dizia o poeta.

Receba as minhas congratulações pelo vosso texto.

Saravá!

Hailton Andrade disse...

Bom texto Diego, mas acho que faltaram algumas informações importantes que gostaria de saber.
Antes que você me entenda com precipitação, concordo que esse número não é de se comemorar devido aos fatos apontados com apuro no texto. Gostaria de saber quais eram os números do governo anterior ao do nosso "querido" Lula. E acho importante frizar que com um grande números de jovens na escola, mesmo que seja hipoteticamente, eles podem se encontrar distantes de certos infortúnios encontrados, também nas escolas, mas principalmente fora delas.

Saudações!

Anônimo disse...

Olá Diego, estava navegando no Google em busca do tema "educação política" e me deparei com o seu texto. Estou a procura de textos para me inspirarem em relação ao meu projeto de mestrado. Vc usou algum livro/autor fonte ao escrever esse texto? Obrigada